sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Acontecimentos da Primeira Era

As Sementes de Eärilmanduil
O casal de elfos, Lómil e Calathien, completavam um ano de estadia em Erellon, eram até então os únicos seres capazes de pensar racionalmente. De acordo com a história contada pelos mesmos, era uma tarde ensolarada, eles ainda estavam muito impressionados com a beleza das paisagens e dos animais que as habitavam, Calathien banhava-se numa parte mais rasa do Ennor trajando um vestido de seda quase transparente, enquanto Lómil analisava a copa de uma árvore próxima da margem do rio (na verdade, Lómil planejava a construção de uma casa sobre a árvore, ele mesmo fazia questão de mencionar isso quando esta história era contada).

Calathien sentiu a correnteza do rio, que era leve e gostosa, aumentar-se imensamente, o vento soprou forte e uma grande onda formou-se contra a correnteza, chegava a ter o dobro da altura da elfa. A onda se separou do rio e tomou a forma de um globo de água flutuando no ar, a correnteza diminuiu assim como o vento e a esfera líquida foi aos poucos tomando a forma de um ser de aparência semelhante à deles, porém um pouco mais robusto e estranhamente composto de água. Calathien soltou uma exclamação e saiu rapidamente do rio, ficando deitada na margem barrosa.

– Lómil! Lómil! – Ela gritou sem tirar os olhos daquela estranha cena – Venha ver isto!

Lómil virou-se assustado para sua mulher, e logo notou o ser que se formava e pousava com a leveza de uma pluma sobre as águas do Ennor.

– Não temam, meus queridos elfos – Disse o ser de água, com uma voz feminina e agradável aos ouvidos – Eu sou a força por trás de sua criação e a mim não devem temer, não faço mal a qualquer criatura que deseje o bem destas terras.

– E o que procura entre suas humildes criações? – Indagou Lómil.

– Desci de meu lar entre as estrelas para lhes presentearem com esta semente mágica. – Uma semente razoavelmente grande materializou-se na palma das mãos estendidas de Lómil. – E ela dará origem a uma árvore branca, que poderá absorver a magia presente na natureza para ser usada conforme os elfos desejarem.

E nada mais se sabe. Os relatos a seguir devem-se em sua maioria à Amorfiwén, elfo historiador nascido em 426 PE que viveu muitos anos ao lado dos primeiros de sua espécie.

O Encontro com Oliligord
Gladriendra deliciava-se com o perfume de seu jardim de rosas, não muito longe do Ennor, ela as admirava com amor e compôs muitas músicas em harpa que só eram tocadas em seu jardim, para que assim se tornassem especiais. E foi num destes dias, enquanto compunha uma música a só, rodeada de rosas, que viu um ser grande e meio desajeitado movendo-se sobre as águas do Rio. Era alto, os três metros de profundidade não chegavam a sua cintura. Sua aparência lembrava a de uma árvore, ou talvez ele realmente seja uma árvore, só que diferente, com raízes semelhantes à pernas e braços parecidos com galhos, seu cabelo era uma copa de folhas verdes que tinha um brilho único debaixo da luz do meio-dia. Os olhos eram escuros como pérolas negras e o nariz e a boca era de madeira. Este era Oliligord, o primogênito dos celks, árvores literalmente vivas, com capacidade para ver, falar e ouvir.

Estes foram os primeiros momentos do encontro e também o único registrado. Nada foi encontrado sobre como os celks adaptaram o élfico a seu jeito ou como Gladriendra lhes ensinou a falar.

Os Amigos dos Elfos
Foi um dia muito feliz tanto para os elfos quanto para os humanos. A grande Água Branca carregava agarrados em suas penas, Silamus e Nessana, que segurava um pequeno Dalehar, todos os três maravilhados com a beleza de Erellon vista dos céus. E eis que entre algumas árvores não muito longe de um rio de água cristalinas, os humanos notam uma construção e antes que pudessem formular uma pergunta, Alialith começa a falar:

– Aquela é Falithédien, a casa dos elfos. – A água disse, dando um rasante na direção das árvores e pousando em uma clareira.

O mato alto alcançava o joelho de Silamus e Nessana e pareciam ser mais verdes do que em outras regiões, também pareciam crescer com mais gosto de vontade debaixo da sombra fresca daquelas árvores ainda tão jovens.

– Vejam, Alialith está de volta! – Gladriendra gritou, com um sorriso delicado no rosto.

Amigos dos Elfos, obra de
321 PE, de Síl-Gandir.
Os elfos receberam os humanos com muito prazer, Lómil e Calathien tornaram-se grandes amigos de Silamus e Nessana, que viveriam com eles por 13 anos, aprenderam muitas coisas que mais tarde serviriam de grande ajuda para o desenvolvimento de sua raça.

– Estes são os humanos, filhos do Grande Carvalho, e estes são os elfos, filhos da Passagem das Águas. – Disse Alialith, apresentando pela primeira vez os humanos ao elfos.


E assim tem-se início a amizade entre os elfos e humanos, que futuramente seria esquecida pela maioria deles e os humanos raramente entrariam em contato com os elfos. Durante a despedida, antes de voltarem para sua terra, Calathien compôs uma música em sua harpa dourada, a qual chamou de Amél (do élfico, “Amizade”) e esta só seria tocada mais uma vez por Gladriendra, em seu retorno aos Domínios Élficos após o insucesso em sua caçada por Ungôro, porém, o nome e beleza da música seria lembrado até o fim dos tempos, infelizmente, apenas lembrado.

A Peregrinação dos Kelesethi
Sobre a mudança dos kelesethi para as Montanhas Negras pouco se sabe, já que estes não registravam de forma organizada sua história. Porém, durante a fortificação da Profundidade pelos anões, alguns deles encontraram grandes corredores onde pinturas usando uma estranha tinta arroxeada ilustravam a história dos kelesethi. Os anões tentaram traduzir os desenhos por completo, sem sucesso, mas descobriram que, de acordo com o que conseguiram traduzir, os kelesethi viviam em guerra com sua criadora, a Terentatek, e sua filha Ungôro, pois eles recusaram-se a servi-las, até o dia em que o próprio Lozagon, que até então não dava atenção para isso, os expulsaram da Profundidade.

A Morte de Lómil e Calathien
Segundo os primeiros registros, a população élfica nas margens do Rio Ennor durante o centésimo ciclo de 474 PE eram de aproximadamente 950 hédiens (termo usado por eles para designar membros de sua espécie independente de gênero ou idade). Até este ano, nenhum elfo havia sido morto ou tirado a vida de alguém, até que a aparição de Ungôro nas terras élficas, poluindo-as com suas oito patas imundas, resultou na morte Lómil e Calathien, os ancestrais de todos os elfos existentes. Conforme os registros dizem: a filha de Terentatek e também fiel servidora de Lozagon os atacou de manhã, enquanto caminhavam na orla de um bosque ao lado de Gladriendra e outros dois elfos não nomeados. Gladriendra era a única armada, empunhava um arco e algumas flechas, pois estava caçando para fazerem um banquete quando a noite chegasse. Os outros dois elfos (que possivelmente foram os autores destes registros) relataram que Gladriendra disparou três flechas contra a Ungôro, assim que ela se mostrou agressiva.

Gladriendra gritou chorosa quando viu os corpos ensangüentados de seus pais caírem sem vida na grama macia e verdejante, tingindo-as de um vermelho que sinalizava morte. Ungôro foi seguida pela filha primogênita de suas vítimas por três dias, até que ela desistiu devido à agilidade da criatura e voltou para seu lar, onde reuniu um grupo dos melhores arqueiros e partiram numa caçada que durariam anos. Não há registros sobre o retorno de Gladriendra, apenas que nunca encontraram a aranha assassina.

A Prisão de Lozagon
As gravuras no Salão Prateado dos Anões revelam que foi preciso muitos anos e incontáveis ciclos para poder finalizar a fortificação da Profundidade. Tárin, o Escultor, foi quem desenhou nos grandes portões de rocha da prisão a queda de Lozagon perante o poder de Amithrandel.

Fortalezas Khazarianas, obra de 1255 PE,
de Ereldur, filho de Faraldur.
Quando os anões chegaram às bordas do Grande Abismo, em aproximadamente 1100 PE, sabe-se que antes de iniciarem os projetos de construção, houve muitas batalhas contra os khazari, anões corrompidos que viviam e mineravam nas cavernas da Profundidade, inclusive, foram estes que forjaram a armadura e a coroa de Lozagon antes de seu aprisionamento. Segundo as gravuras do Salão Prateado, os anões corrompidos eram bem semelhantes aos anões comuns, porém, tinha a pele cinzenta e possuíam pouco cabelo e barba. Devido à sua inferioridade numérica, os khazari foram derrotados com facilidade.

Agora, com os Ferreiros de Lozagon extintos, Terentatek morta e Ungôro exilada, a Profundidade era apenas um abismo escuro inabinato, mas que ainda guardava alguns mistérios e ruínas das pequenas edificações khazarianas, incrustadas nas paredes íngremes do local.

Levaram oitocentos longos anos para o término da prisão, cujos portões eram feitos de rocha sólida com muitos metros de espessura, conforme fora recomendado por Amithrandel. Foi feito o uso de muitas bestas fortes o bastante para carregarem toneladas de pedras e também da sabedoria dos elfos, que selaram os portões magicamente fazendo uso de Eärilmanduil.

2 comentários:

  1. Mais um excelente pergaminho!

    Este blog está cada vez melhor!

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  2. Fico agradecido pelo comentário, Odin.
    Em breve estarei disponibilizando aqui links na coluna direito para o glossário e os mapas em que estou trabalhando.

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